Nascida no meio católico e rural de Balasar, para frequentar a escola primária, Alexandrina mudou-se em 1911 para Póvoa de Varzim, onde viveu na pensão de um marceneiro, na Rua da Junqueira. Ao fim de dezoito meses, regressou à aldeia natal, para o lugar do Calvário.
Começou a trabalhar na lavoura, como era usual na altura. Era uma menina vigorosa, a ponto de afirmar na Autobiografia que a equiparavam aos homens no que diz respeito ao rendimento do trabalho. Aos 12 anos adoeceu, ficando a sua saúde, a partir desse momento, comprometida.
Com 14 anos, no dia de Sábado Santo (antes da Páscoa) de 1918, estando a trabalhar em costura com a sua irmã Deolinda e outra menina, deu um salto do quarto onde estava para se defender de agressores que invadiram a casa, numa atitude semelhante à de Santa Maria Goretti.
Até aos seus 19 anos ainda se conseguia movimentar sofrivelmente, tendo gosto em ir à igreja. Contudo, a paralisia foi-se agravando até 14 de Abril de 1925, data em que ficou, definitivamente, de cama, durante trinta anos.
A sua intenção inicial era tornar-se missionária e, por isso, orava à virgem Maria para que ficasse curada. Em 1928, chegou à conclusão de que a sua vocação era compartilhar misticamente o sofrimento de Cristo, oferecendo-se como vítima pelos pecadores.
De 3 de Outubro de 1938 a 24 de Março de 1942, todas as sextas-feiras, vivia os sofrimentos da Paixão de Cristo: superando a paralisia, descia da cama e, dando mostras de sofrimento físico, repetia, por três horas e meia, as etapas da Via Sacra. Existe um registo filmado de um destes êxtases e um circunstanciado relato de um outro, publicado pelo Pe. José Alves Terças nas páginas de "A Paixão Dolorosa" (este escrito, ilustrado com alguns desenhos, pôs pela primeira vez a Alexandrina nas bocas do mundo).
O padre jesuíta Mariano Pinho, seu director de 1933 a 1942, exortou-a a ditar as suas vivências místicas. A sua obra escrita (autobiografia, cartas, diário) enche cerca de 5 000 páginas.
Em 1936, por intermédio do mesmo director, fez vários pedidos à Santa Sé no sentido de que o mundo fosse consagrado ao Imaculado Coração de Maria, o que fez despertar o interesse do Vaticano pelo seu caso. A 31 de Outubro de 1942, o Papa Pio XII satisfez esse desejo, numa mensagem transmitida a partir de Fátima (celebravam-se os 25 anos das Aparições), repetindo-se este acto na Basílica de São Pedro no dia 8 de Dezembro do mesmo ano.
A partir 27 de Março de 1942 é alegado que deixou de se alimentar nos seguintes 13 anos de vida, vivendo exclusivamente da comunhão diária.
Para verificar a inédia, em 1943, foi internada no Refúgio de Paralisia Infantil, na Foz do Douro. Foi aí submetida à vigilância de um grupo de médicos, dirigidos pelo Dr. Henrique Gomes de Araújo, membro da Sociedade Portuguesa de Química e da Real Academia de Medicina de Madrid, por um período de 40 dias. No final, asseguraram que era "absolutamente certo" que durante aquele tempo não tinha comido, bebido, defecado ou urinado.
O mesmo Dr. Henrique Gomes de Araújo, a quem o Dr. Azevedo pedira "o estudo das faculdades mentais da doente", descreveu-a nestes termos:
«A expressão de Alexandrina é viva, perfeita, afectuosa, boa e acariciadora; atitude sincera, sem pretensões, natural.
Não há nela ascetismo, nada untuoso, nem voz tímida, melíflua, rítmica; não é exaltada nem fácil a dar conselhos.
Fala de modo natural, inteligente, mesmo subtil; responde sem hesitações, até com convicção, sempre em harmonia com a sua estrutura psíquica e a construção sólida de juízos bem delineados em si e pelo ambiente, mas sempre, repetimo-lo, com ar de espontânea bondade que o clima místico que desde há tempos a circunda e que, parece, não foi por ela provocado, não modificaram.»
Sobretudo nos anos finais da sua vida, começou a desenvolver-se em torno da Alexandrina um fenómeno de popularidade, que levou muita gente em peregrinação até ao seu leito em busca de aconselhamento espiritual.
Entre os estudiosos da sua vida e escritos, que tornaram viável a abertura, desenvolvimento e conclusão do Processo Diocesano para a beatificação e canonização, destacam-se, além do já citado Pe. Mariano Pinho, o italiano Pe. Humberto Pasquale e o Casal Signorile. Os livros escritos por este Casal (os professores Chiaffredo e Eugénia) são referência importante para o conhecimento da obra de Alexandrina (alguns deles, como a recorrentemente citada «Figlia del Dolore Madre di Amore» estão disponíveis on-line).
Os seus devotos consideram-na uma das maiores figuras de toda a história da Igreja, equiparando-a a Santa Teresa de Ávila, Santa Catarina de Siena, etc.
A divulgação da sua vida iniciou-se em Balasar, mas atingiu larga escala a partir do Norte de Itália, onde trabalhou o Padre Humberto Pasquale, e da organização irlandesa «Alexandrina Society», cujo boletim é, ainda hoje, publicado para vários países de todos os continentes. Em Balasar publicou-se um boletim durante duas décadas e meia. Hoje, a divulgação faz-se em larga medida pela Internet.
A beatificação de Alexandrina Maria da Costa assentou numa cura ocorrida em Estrasburgo com uma emigrante oriunda da freguesia de Esmeriz, Vila Nova de Famalicão; esta cura foi declarada inexplicável à luz dos actuais conhecimentos da medicina.
O Dr. Manuel Augusto Dias de Azevedo, seu médico assistente desde janeiro de 1941, até à morte de Alexandrina, foi também um dos seus mais activos defensores e o criador e redactor do boletim que se publicou em Balasar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário